Pela primeira vez eles se veem. Mas ela está em desvantagem porque ele pelo menos já tinha reparado na existência dela.
Ela se empolga com ele e por pouco mais de duas semanas se sente apaixonadinha, boba, criança.
Ele não liga. Gosta dela e diz coisas confusas, mas talvez realmente não ligue. O valor da descoberta é bem diferente para os dois. Parece que ela guarda com mais carinho...
Eles saem, se curtem, conversam e se divertem. Ela olha pro lado, vê outras pessoas, viaja, conhece um bocado de gente interessante.
Ele também. Mas não se sabe a maneira como ela encara isso. Nem ele. Será que pensam um no outro?
Aos poucos ela perde o pique de contar as coisas para ele, de dizer o quanto gosta da presença e companhia. Como ela pára primeiro, não se sabe se ele também perdeu o pique ou se simplesmente não quer tomar uma iniciativa.
Ela abstrai, gosta tanto de dançar ou de estar simplesmente na frente dele fazendo qualquer coisa e nada, que passa a toma-lo por mais um amigo.
Ele nem dá bola, trata como amiguinha, embora vez ou outra seus olhos permitam que se flagre um pensamento em algo mais...
Só que ela sente saudades. Saudades que não são dela, afinal, como pode alguém sentir saudades de quem não conhece? De quem não convive? De quem não ama?
Vez por outra ele confessa sentir saudades, por meio de palavras, olhares ou gestos. Talvez ele seja mais simples, ou simplesmente não saiba que também é dramático e que na verdade se pergunta o que sente e se sente alguma coisa por ela.
Um dia ela conta uma história de amor. Uma de verdade mas que parece de filme. Uma que acontece com alguém que ela conhece e, repare no verbo: acontece. Porque a mais de 20 anos a história acontece todos os dias.
Ele, mais do que qualquer um na roda, parece se interessar pela história e é como se ela pudesse ouvir um suspiro de "então é verdade!" e pudesse ver uma centelha de esperança nascer no coração de um romântico.
E de repente ela gostaria de protagonizar aquela história junto com ele e querer decidir se apaixonar todos os dias e morrer de amor com a distância. De repente, ela gostaria de querer casar e adoecer durante o dia de trabalho até chegar a madrugada companheira e poder rever. Gostaria de querer ter filhos com seus olhos espertos e ouvir todos os seus "causos" encenados pelo resto da vida. De repente ela lembra que seus tesouros mais preciosos são suas lembranças e que não decide nada antes de pensar se aquela daria uma boa história para contar.
E aos poucos ela descobre que gosta dessa história, e gosta tanto que não consegue se desvencilhar! Até porque dá pra ver a cena numa tela de cinema: eles crescendo juntos e sempre se esbarrando, se olhando, mas sem se ver. Ele sempre soube da existência dela mas, será que isso fazia alguma diferença? Que antes daquele primeiro beijo ele a achava bonita? Que curtia sua risada alta e seus cabelos bagunçados?
E ela? Será que realmente acordou do sonho que fez ganhar multa e chegar atrasada? Ou só está com medo de descobrir que, na verdade, quanto mais se distanciam mais ela percebe uma pessoa linda, um menino doce, um homem de verdade! Íntegro, inteligente, sensível e com um potencial de chegar nas estrelas?
E agora????
Quem poderá me defender?
Morena mar/11
sexta-feira, 4 de março de 2011
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