sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tempo?


21:00:00h. Estou um pouquinho atrasada, mas chegando.
21:05:05h. Ele liga em casa para desistir, mas eu já saí.
21:12:16h. Chamo no interfone mas ele ainda não está pronto, tenho outro amigo no carro então resolvo esperar no estacionamento mesmo.
21:25:55h. Ele aparece estiloso, os óculos fiéis, sempre responsáveis pelo charminho nerd, contrastam com a jaqueta de couro preta. Tenho vontade de fazer um comentário, mas por alguma razão me calo...
21:42:43h. Chegamos na festa. Eu, sempre meio serelepe saio falando com todo mundo, cumprimentando, abraçando, rindo, conversando, dançando...
22:00:45h. Passo por uma mesa com alguém que já não vejo a tempos, ele me chama para puxar uma cadeira e sentar junto. Agradeço o convite mas ainda estou "reconhecendo o ambiente".
22:06:34h. Sou apresentada para um cara que me abraça e me beija, me diz que sou linda e termina com: "Você vota?" huahuaha
22:21:45h. Começo a dançar com meu amigo e percebo que a muito não sei onde ele está.
22:30:23h. Vou deixar a bolsa no carro.
22:32:00h. Volto e vejo ele parado perto de onde eu estava. Ele está conversando, mas vira e sorri para mim. Por algum motivo esse sorriso mexe comigo e tenho vontade de dançar com ele.
22:32:10h. "Eu não sei dançar!" "Não precisa saber, só precisa dançar!"
22:33:15h. Ele me diz que a pista de dança não é ali e me leva para outro lugar.
22:35:02h. Eu reparo no cheiro dele pela primeira vez. Gosto.
22:35:20h. Estou me divertindo rodando ele, vendo o rostinho sem graça de não saber o que vai acontecer enquanto rola um Fala Mansa apressado. Gostaria de lembrar a música...
22:38:20h. A música acaba no meio, eu agradeço com um comprimento e ele reclama sem soltar minha mão... Eu gosto.
22:38:25h. Ele insinua que a próxima música é sertaneja. "Não dá pra dançar sertanejo" "Dá pra dançar qualquer coisa!"
22:38:34h. Voltamos a dançar.
22:39:00h. Eu reparo nele segurando a minha cintura, não o meio das minhas costas como o apropriado. Por um instante me sinto arrepiar de leve.
22:39:03h. Lembro que ele "não sabe dançar", pode não ter sido intencional.
22:39:04h. Páro de escutar o que ele diz, se é que dizia alguma coisa... Meus pensamentos estão voltados para a sua timidez em me segurar e para a minha pele que esquenta embaixo da sua mão direita.
22:45:10h. A música acaba e eu agradeço, mas só consigo pensar no quanto queria chegar mais perto, sentir os passos dele acompanhar os meus... Mas tudo está bem misturado na cabeça.
22:45:12h. Ele pergunta que música é aquela.
22:45:13h. Eu penso que o dj é péssimo e começo a sair do salão.
22:45:14h. Eu percebo que ele ainda está segurando minha mão. Penso que quer dançar mais. Penso que eu quero dançar mais.
22:45:15h. Ele solta minha mão.
22:45:16h. Droga de dj!!!!
22:45:35h. A gente vai pegar alguma coisa para comer e começa a conversar.
22:50:01h. Sentamos na mesa e eu não consigo escutar o que ele fala... Ainda sinto a minha cintura quente e acho engraçado.
22:55:04h. Uma amiga vem se despedir e me conta que meu amigo ficou sozinho. Peço a ela para encaminhá-lo para minha mesa.
22:56:49h. Penso que já deve ser tarde, é melhor ir para meu amigo não perder o ônibus.
22:56:50h. Olho para ele de novo e ele sorri.
22:56:55h. well, dane-se! Eu levo meu amigo em casa depois...
22:59:57h. Meu amigo senta na mesa com a gente mas não participa da conversa.
23:02:59h. Começa a me incomodar o fato do meu amigo estar mexendo no celular. Será que está fingindo que está ocupado porque se sente excluído ou realmente está ocupado?
23:04:26h. Eu não aguento e peço para meu amigo sentar do meu lado. Meu amigo me mostra o celular com cara de "estou ocupado".
23:04:27h. Eu relaxo.
23:04:30h. Reparo que a algum tempo não sei do que ele está falando, mas ele é esperto, e não quero que ele ache que eu estou entediada, então vez por outra me esforço para me concentrar e comento sobre a última frase.
23:10:00h. Meu amigo começa a participar da conversa.
23:10:01h. Eu me sinto bem mais aliviada. Agora posso observar sem medo de constranger! =)
23:15h:03h. Descubro porque eu acho que ele tem cara de bobo. É o jeitinho que ele ri. Por dentro rio sozinha lembrando o quanto eu adoro uma carinha de bobo, aquela impressão de inocência sabe? Aquela inocência saudável?
23:16:05h. Resolvo voltar para a conversa com mais afinco só para provocar aquele sorriso lindo, bobo!
23:40:05h. Um outro amigo chega. Me abraça, me beija e me conta as novidades. Levanto para falar com ele.
23:46:07h. Começo a querer colocar o novo amigo na conversa.
23:46:08h. Reparo porque: já estou com saudades...
23:46:09h. Me sinto ridícula.
23:48:02h. O novo amigo resolve cumprimentar o resto da mesa.
23:53:47h. O novo amigo vai embora.
00:03:32h. Eu penso que já deve ser tarde, lembro que ele disse que não queria ficar muito tempo e olho em volta. Já não vejo quase ninguém...
00:03:46h. Olho para ele de novo e some aquele início de vontade de ir embora.
00:03:53h. Rio de mim mesma e de toda a situação.
00:04:03h. Observo ele sorrir...
00:04:06h. Será possível? Que meu coração ainda despedaçado no chão da sala, o mesmo que ainda não tive ânimo para consertar, será possível que ainda assim possa funcionar?
00:05:00h. Concluo que ainda é cedo pra dizer.
00:23:07h. Ele levanta, fala qualquer coisa e sai.
00:26:30h. Olho em volta para saber onde ele foi.
00:26:58h. Encontro ele conversando com alguém.
00:28:02h. Fico entediada, me bate o sono e eu quero ir embora.
00:30:45h. Ele volta pra mesa.
00:30:47h. Eu repenso sobre ir embora...
00:31:01h. Ele avisa da hora e chama para ir embora.
00:31:02h. Eu fico sem graça, eu que devia chamar para ir embora não? Eu estou dirigindo... Odeio ficar "sem noção".
00:31:10h. Ele tenta voltar atrás, dizer que está bem, que era só para chamar a atenção...
00:31:14h. Eu interrompo e digo que estou mesmo com sono.
00:32:34h. Começamos a nos despedir do pessoal.
00:37:05h. Já na porta aquele mesmo amigo de antes volta a me encher de elogios.
00:37:10h. Adoro que os elogios estejam sendo feitos na frente dele e lembro do ex que gosta de queimar meu filme na frente dele...
00:37:15h. Começo a lembrar da minha teoria de que o ex faz isso pra "marcar território". Que nem cachorrinho que sai mijando em tudo que é árvore. Não vai voltar em nenhuma, mas está lá marcado o espaço dele!
00:38:27h. Começo a ficar sem graça pelos elogios que ainda estão rolando.
00:39:03h. Começo a pensar se não vão surgir o efeito contrário: ele pensar que o outro está afim de mim...
00:39:04h. Droga!
00:42:45h. Entramos no carro. Estou meio cansada, não participo muito da conversa...
01:12:32h. Chegamos na casa do meu amigo.
01:13:24h. Ele passa para o banco da frente.
01:13:57h. Eu fico feliz.
01:13:59h. Eu me acho engraçada...
01:30:45h. Eu tenho a brilhante ideia de andar mais devagar...
02:06:34h. Chegamos na casa dele.
02:06:35h. Ele me pede para estacionar e subir com ele para pegar um presente que a mãe dele deixou para mim.
02:07:32h. Ele segura a porta do elevador... hihihi
02:09:33h. Entramos na casa dele.
02:09:35h. Ele deixa a porta aberta.
02:09:36h. Não pretendo demorar, mas fico triste assim mesmo.
02:13:06h. Ele fecha a porta... =)
02:16:04h. Ele diz que vai descer comigo para me ajudar a carregar um tapete pequeno e uma lata de refri.
02:16:05h. Acho ele um fofo! huahua
02:20:32h. Eu abro a porta do carro.
02:20:35h. Eu dou um abraço de despedida nele.
02:20:36h. Eu sinto o cheiro dele de novo...
02:20:37h. Eu tenho que soltar?
02:21:02h. Ele vai avisar o porteiro para abrir a cancela.
02:21:04h. Eu agradeço a noite enquanto ele caminha.
02:21:05h. Ainda agradecendo tenho esperança dele parar de caminhar e voltar para o carro...
02:21:06h. Por que ele faria isso???
02:21:07h. Rio de mim mesma enquanto entro no carro e fecho a porta.
02:29:46h. Chego em casa.
02:30:04h. Ligo o computador e já me esqueço, ou nem acredito, em todas as pequenas coisas que senti e pensei hoje.
02:34:46h. Escrevo essa história...

Morena - jul/10

sábado, 10 de julho de 2010

Ah! Meu Samba...

- Então, o que você canta de romântica?

Pausa... longa! - Como assim?

- Música romântica! O que você canta de música romântica?

Nova pausa... quase desesperada de tão longa... - Sem ser samba?

- É porque você já colocou um monte de samba canção né?! A gente precisa de música romântica mesmo!

E eu páro até meio apavorada. Ok, sem ser os forrós que ele me deu pra aprender nem os sambas que guardo no coração, o que mais eu sei cantar??? Frito por alguns instantes até ele perceber minha agonia e tentar me ajudar:

- Roberto Carlos! O que você canta de Roberto Carlos?

Mais uma pausa... - Eu até conheço bastante coisa mas não sei exatamente o que eu consigo segurar. Vou dar uma pesquisada essa semana e te respondo.

Daí ele fica preocupado e com uma cara de desistência rebate:

- Tá bom! Chico Buarque! Eu também tenho que aprender a tocar o que você sabe cantar né?! O que você sabe do Chico?

Ah! Do Chico tem muita coisa né?! Afinal ele é o cara! - penso em quase voz alta. E mando uma que está na ponta da língua.

- Essa é boa! Outra!

Pausa... Não, isso não está acontecendo, ele pediu Chico! Que mais eu sei dele? Folheio o caderninho impaciente mas só encontro sambas e mais sambas e mais chorinhos. Sorrio amarelo e lembro que ainda nem fiz dois anos de samba! E eu cantava antes disso... Não cantava? Claro que cantava! Estamos em 2010 e eu canto desde 2002, o samba só apareceu em novembro de 2008! Até respiro aliviada... Então, o que eu cantava antes do samba?

"Onde foi que vivi se nem me lembro se existi antes de você?"

Ah! Meu samba...

Morena - jul/10

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Política, politicagem e afins...


Acordo cedo e vou trabalhar, é incrível como no final do semestre o corpo da gente pesa mais na hora de levantar...

É uma manhã bonita. O sol resolve acordar junto comigo, diferente das outras manhãs da semana, e os passarinhos até cantam mais alto na minha janela.

Chego na escola e encontro meus aluninhos queridos, super empolgados com o pequeno show de talentos que prepararam durante a semana. E, a animação é tanta que até recebo uma mãe com máquina fotográfica e tudo mais...

Tudo está correndo muito bem quando percebo meu celular vibrar no bolso insistente, entre uma aula e outra espio o visor e vejo: 3 chamadas não atendidas. Bom, não reconheço o número e, de qualquer maneira não posso retornar agora.

Quando a aula acaba, saio correndo para um ensaio, mas claro, sou interrompida por coordenadoras e secretárias precisando de alguma coisa, além de pais de alunos querendo algum retorno sobre o rendimento dos meninos. Saio rindo e pensando que meu almoço já era.

Chego no ensaio, temos pouco menos de 30 min para definir o repertório e as formas de execução. Mesmo assim estou animada para a noite, afinal fui muito bem recebida da última vez que cantei para aquele público. E, apesar de sempre me incomodar um bocado estar no meio de políticos e garotas bonitas que desfilam com eles, tento lembrar que antes de tudo são pessoas, e é por isso que eu faço o que faço: adoro gente. Fora que a anfitriã é uma pessoa muito querida, mãe de uma amiga muito querida, tanto que combinei um cachê que "mal paga o cafezinho".

O aluno do sanfoneiro chega e ele não tem tempo de almoçar propiamente. Combino de pega-lo às 18:30h.

Vou para casa correndo gravar o cd que ele me passou, ver se como alguma coisa, colocar as músicas no papel, relembrar alguns trechos de letras e faço uma coisa que não custumo fazer: ligo para confirmar. Porque sou diferente... eu acho... pra mim se tá falado, tá falado! Se alguma coisa acontecer a gente entra em contato mas caso contrário já está confirmado quando eu digo que vou. Mesmo assim, tenho vontade de ligar, quem sabe não foi ela quem me ligou de manhã? Hum... não atende... bom, nem tenho crédito para ficar retornando todas as ligações de números estranhos. Se for importante tenta ligar de novo!

Ajeito tudo e quando penso que vou ter um minuto para descansar o telefone toca. É um percussionista querendo me dizer que o meu percussionista está doente, que ele vai fazer o trabalho se eu quiser, mas vai tocar com a orquestra até 20:45h. E o meu evento começa as 20h. Desligo o telefone e frito pensando em ligar para um terceiro, mas não posso, assim tão em cima da hora? Confirmei o evento no dia anterior e já era muito em cima pra chamar alguém. Retorno a ligação e peço "voa pra lá!"

Me arrumo correndo e chego atrasada pra pegar o sanfoneiro, tadinho! Ele nem tem tempo de dar uma descansada das aulas (62 anos eventualmente começam a pesar né?!) porque a gente tem que separar mais algumas músicas pra fazer piano e voz enquanto o percussionista não chega.

Saímos correndo e ele, com fome, já me fala do jantar que vai ter no local do evento. Até nos esforçamos pra chegar mais cedo porque ele quer comer antes de tocar. Chegamos em cima da hora e quando chegamos uma surpresa: não se pode mais tocar em eventos políticos. A assessora tenta me explicar que me ligou "o dia todo", que no final é melhor assim porque quem tem dinheiro pra levar Zezé de Camargo ganha a eleição etc, etc.

É aí que me lembro que ainda não estou na rua panfletando a favor do voto nulo com dinheiro do meu bolso (porque se 50% mais um voto forem nulos, uma nova eleição é convocada com novos candidatos.), por causa dela! E nem fui atrás de verificar a veracidade dessa informação porque ela me ajudou antes de pensar em se eleger. Me ajudou de graça... E desde então comecei a tentar dar uma nova chance a política dentro de mim mesma, pensando que existem candidatos bons e tal. Na verdade é exatamente isso que digo para a presidente do movimento jovem do partido quando ela começa a falar dos encontros, dos sarais e já vai me dando uma preguiça... "Não entendo nada de política, e pra falar a verdade, nem gosto. Não me meto com partidos nem com campanhas. Eu gosto e entendo de pessoas e é com isso que eu me meto." Daí falo pra ela da anfitriã e do dançarino que me contratou da última vez. É disso que eu entendo, de verdade! E de repente já me acalmo um pouco da frustração que eu estava né?! 62 anos... E fiz ele carregar a sanfona da Ceilândia desde 8h da manhã nem por um cachê, mas por uma amizade. Ele é bonzinho, sei que não vai brigar comigo, e isso me consome ainda mais. Mesmo assim, do jeitinho dele me chama a atenção por não ter confirmado.

Lembro do meu projeto, barato, prático: literatura itinerante nas satélites, no meio da rua pra quem não tem voz. Penso que agora na época de eleição é hora de conseguir as verbas né?! Porque eu tenho um projeto, eles precisam aparecer então junta a fome com a vontade de comer e... Ouço que o projeto não deve sair por agora porque "todo dinheiro pra campanha é pouco". Como assim? Depois, parada no sinal fechado, entendo: cartazes, faixas, panfletos e um candidato na minha porta me entregando adesivos...

É assim que gasta dinheiro de campanha? É, não entendo mesmo de política! Porque eu COM CERTEZA não vou votar no cara do sinal, mas se estivesse passando na rua e visse um palhaço recitando um poema e um menino escrevendo um texto anotaria o nome escrito no bloco de papel para votar no cara! E, panfleto por panfleto todo mundo distribui e só deixa a cidade suja... Mas que tal pagar o meu cachê, me dar bloco de papel e lápis com sua logo? Colocar seu nome nas costas da minha camiseta na parte que diz "patrocínio"... eu uso! E acabo fazendo campanha pra você, não porque você me ofereceu um cargo, mas porque acreditou em mim, e nas pessoas contempladas pelo meu projeto. É disso que o povo precisa.

Fui levar meu sanfoneiro na rodoviária para ele poder pegar o transatlântico, os dois aviões, o metrô e o ônibus antes de chegar em casa, afinal, a carona dele foi embora a pouco mais de duas horas atrás... Engato a primeira e penso em fazer uma faixa bem grande:

Porque quem fala muito, não diz nada; mas quem faz muito, diz tudo!

Morena - jul/10