Já eram mais de 21h e eu estou sem carro. Ainda tinha que tomar banho e me envolver em uma produção maior que a normal, considerando o novo corte de cabelo (sair sem brinco e sem maquiagem não dá mais!)
Já eram 21:40h quando o ônibus finalmente passou e uma menina sentou do meu lado e pediu informação. Começamos a conversar e ela contou que saiu mais cedo da aula,falou do bebê que está em casa esperando para mamar, dos seus 15 anos com um filho nos braços sem parar de estudar...
Quando chegou a minha parada ela perguntou: "Está indo pra casa?" Enquanto dou um beijo nela e puxo a cordinha do ônibus sorri: "Não, eu sou da noite!"
Desci e atravessei a rua escura com aquilo na cabeça: escolhas! Ainda não eram 22h de uma quinta-feira! Quem devia estar saindo para curtir? E quem poderia estar indo para casa cansada dar de mamar para um infante?
O telefone tocou e recebi uma proposta de trabalho para trabalhar o dobro mas ganhar o quíntuplo. O salário me fez pensar mas o encontro com um amigo na entrada do Cafe me distraiu já não me lembrava do que pensei.
Lá dentro, eu ouço música, assisto com gosto as caras e bocas do baixo enquanto entrava num mundinho só dele. Sinto uma pontinha de inveja porque ele não está nem aí para o que eu vou pensar! Ele curte e me convida para ver o que ele está vendo: o som.
A guitarra já é minha velha conhecida, mas hoje me parece mais distante, distraída e me encanta saber que talvez só eu perceba, porque ela continua brilhante.
Depois vem a cantora, densa e chego bem perto do inferno com o sofrimento dela. De repente acredito que "todos acham que eu falo demais e que ando bebendo demais". Ô buteco! E o ambiente pequeno, diminui e eu também vou ficando pequena e meu coraçãozinho vai ficando bem "inho" enquanto eu vou desfalecendo no sofá... Sorte que a companhia é boa e me dá atenção.
Depois volta com todo mundo bem antenado, acho que não vou resistir à liga que a guitarra faz com o baixo: um pacto de sangue.
E logo a música que eu esperei a noite toda para conhecer, um presente que eu, como criança em véspera de natal ansiava em abrir, vem bela, doce e intensa. Eu, com essa minha mania de letrista, pude ouvir de cara fragmentos de poesia que estavan nas notas! Gravei para mais tarde me atrever a ser parceira, mas hoje percebi que talvez não queira: a música disse tudo! Não me deu espaço para explicar, palavras a tornariam redundante...
Me apaixonei 10 vezes em uma só noite! Ouvi solos de sax, trompete, baixo, guitarra, bateria, violão... Ainda bem que não estava de carro, fiquei tão bêbada de música que não poderia dirigir sozinha.
Cheguei em casa tão feliz, mas tão feliz que a única maneira de ter ficar ainda mais alegre era se tivesse terminado a noite com o microfone na mão cantando eu, os meus dramas e deixado impregnado nas paredes o meu cansaço. Pena q n canto jazz...
Chego em casa e tenho que contar pra quem perdeu que a noite foi mágica! E, antes de dormir lembro do emprego e da menina enquanto fecho os olhos e penso: Pode ser que eu seja doida, ou simplesmente burra porque estou doida pra ser mãe e pra ganhar dinheiro mas... a música vem primeiro. E hoje eu vou de novo! =)
Muito grata!
Morena - mar/11
sexta-feira, 25 de março de 2011
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