domingo, 23 de janeiro de 2011

Ao fazer musical dessa nova década do séc XXI

Assim, no meio de um vôo, atrasado por sinal, indo sozinha para a oficina de música em Curitiba; depois de freqüentar um dos melhores cursos de verão da vida; de reencontrar antigos parceiros, antigos amigos; de ter ouvido conselhos e opiniões das divinas Clarisse Grova e Suely Mesquita; depois de ter acordado de uma experiência fofa de quase paixão; logo depois de discutir o rumo da música brasileira dos últimos anos e finalmente no meio da minha leitura de vôo: “O Mistério do Samba” não resisti e, sem papel, tive que escrever em letras miúdas na página da bibliografia: Queridos! É hora de tomar as rédeas!

Nesse ano que passou, trabalhei em três escolas e tive 5 alunos particulares, totalizando 356 alunos. Além disso, acompanhei o mestre Sivuquinha em seus forrós pela cidade. Bom, tenho orgulho de dizer que comprei uma moto nova e fiz algumas viagens pagando tudo à vista. Mas, o que eu fiz pela MINHA música? Toquei piano no quarto e pandeiro na escola: a minha música eu escondi...

Com muita propriedade e um tom de saudosismo a Clarisse nos contou do caminhar das noites cariocas e roubou minha alma pelos ouvidos logo antes de terminar com uma frase fatal: Isso não existe mais...

Na fila do show, eu, Nathália Lima e Wanderson Bomfim, discutimos o fazer musical, os grandes movimentos da música brasileira, o curtir o momento e a música em grupo nas casas e bares da vida... No dia seguinte ouvi um trecho de um show do Eudes Carvalho e dei bem nos dedos dele: Se o Brasil ficar mais uma década sem um grande músico a culpa é sua!

Músicos, amigos, irmãos... Em meio a rotinas de praça de alimentação e couvert de buteco, inventemos, em pleno século XXI, tempo de ouvir música!!! Sentar em volta da mesa e terminar o samba que o Alexandre Silva começou em homenagem, ou não, ao Toddynho que eu pedi no Piauí. Tenhamos tempo e disposição não só de montar guigs improvisadas e dar canja no macarrão mas de organizar e comparecer nos churrascos, dormir tarde, levar a viola no saco e falar de música, viver de música, pela música e para ela!

Que nessa geração de dedos velozes e sem alma possamos fazer a diferença e tirar o pé do acelerador! Anco Marcos, amor da minha vida, UnB sábado 8h da madrugada? Você é mais! Eu levei 7 anos para me formar e foi a melhor coisa que eu fiz! Tudo bem, eu sei, nem todo mundo começa a faculdade com 17 anos mas porque esse desespero coletivo de chegar aos 30 fazendo 10mil por mês? Na agonia a gente faz 35 e mal consegue chegar nos 3 mil... Ou então galera, vai lá! Prioriza a facul, lindo! Se forma, passa em um concurso para a EMB e esquece de tudo que ia fazer quando formasse... E o pior de tudo é que deixou de viver, não fez música! Não trouxe cura e alívio para as pessoas e para si mesmo, além de que nunca vai fazer parte de um livro, como esse que guardará de epístola o meu desabafo; que conta de um encontro boêmio entre Pixinguinha, Donga, Patrício Teixeira, Sérgio Buarque de Hollanda, Prudente de Morais Neto, Heitor Villa-Lobos, Gilberto Freyre e Luciano Gallet. Porque quando a história se escreve, ela não tem sentido e nem a menor pretensão de ser. Ela simplesmente é!

Sem muita pretensão acho que acabei fazendo disso um apelo para dizer a todos nós que a hora é agora! E posso afirmar com convicção que o Eudes não vai levar sozinho a culpa se não aparecer pelo menos um Guinga na composição e um Hamilton de Holanda nas levadas, se as cantoras não voltarem a sofrer por amor e os instrumentistas não acompanharem esse sofrimento com o coração na pontinha dos dedos.

Amores, essa nova geração vem com música obrigatória nas escolas, meus pequeninos já conhecem um pouco da história de Beethoven e conhecem Bossa Nova. Esse ano vão conhecer também Chico Buarque, Heitor Villa-Lobos, Nelson Cavaquinho, Ella Fitzgerald e o próprio Guinga entre outros. Sei bem do desafio de competir com a Lady Gaga, Restart e Justin Bieber mas a maior parte de vocês também é educadora e tem sim influência nas escolhas dessas crianças. Precisamos URGENTEMENTE nos voltar à Musa e assumir que, depois de uma geração quase completamente estéril ou simplesmente escondida para si a batata está com a gente e ninguém vai salvar o planeta fechando mil datas no barzinho da esquina.

É, escrever projeto, procurar patrocínio, ocupar os teatros e as ruas dá muito trabalho, mas essa é a maneira de se fazer ouvir e como dizem que quando o assunto são metas falar sobre o assunto é de grande poder, falarei então: Esse ano eu vou trabalhar. Bora???

Morena jan/11

domingo, 16 de janeiro de 2011

Roma

Clarisse Grova e Léo Nogueira

http://www.youtube.com/watch?v=XlucOnOPRks

Sabe porque me desespero?
É porque você não me toma.
Eu não suporto um morto, um Nero
De olhos abertos mas em coma
Sabe, porque você é um zero é que você pra mim não soma
Eu desejava ter um Nero e que pra ele eu fosse Roma

Sabe porque já não te quero?
É porque você não me toma
Não faço parte do seu clero,
Eu falo outro idioma
Saiba você que o amor é com desfrute que se come
Cansei de ver chegar a aurora no afã de saciar a fome

Saiba que quando você chora fica minúsculo seu nome
Não sou escudo nem espora
Sou fogo que não te consome
Só estou livre sendo fera na jaula do meu domador
Olhei pela fresta dessa espera escapuliu o meu amor