quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Búfalos, homens e outros bichos


Dizem que em uma manada de búfalos quando um predador aparece, a manada corre o máximo que pode para que os mais velhos, os feridos e todos os que são de alguma maneira fracos fiquem para trás.

Já ouvi falar de outros bichos que se fecham em um círculo expondo a carcaça rija, colocam seus fracos no centro e os protegem, por vezes com a própria vida.

A manada de búfalos cresce cada vez mais forte...

A desses outros bichos perde cada vez mais seus fortes...

E nós? Esse bicho raro, humano, que tipo de bicho somos? Nem com o outro, mas com nós mesmos? A gente arrisca? Respira fundo e aguenta porrada pelo que acredita? A gente foge? E deixa ficar no caminho os sonhos e convicções de uma vida?

Aprendi, da forma difícil, que se pode furar um dedo e ele voltar a ser funcional, exatamente como era antes. Mas não se pode furar um olho sem perder a visão...

Algumas dores calcificam nossos ossos e os tornam inquebráveis. Outras, nos deixam amputados e a doce Pandora nos permite acreditar em redenção...

A tanto tempo vago cega a chorar sangue que acreditei piamente ter aprendido a enxergar. Hoje me perguntaram a cor da rosa na palma da minha mão... Rosa?

Hoje, entendi que algumas coisas mudam, com outras a gente simplesmente se acostuma.

Morena - set/10

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Diplomacia x Sinceridade



Acho que de uns meses pra cá desaprendi tudo o que passei a vida toda preocupada... Mais no que diz respeito ao famoso ditado "a corda SEMPRE arrebenta para o lado mais fraco" Mas e aí? Ser diplomata ou sincero?

A muitos anos trabalho em uma escola que se sustenta pelo empenho dos professores, eu inclusa. Já vi muita coisa errada acontecer ali... muita mesmo! Mas a gente faz o que pode, fica calado, tenta fazer o filme e vai vivendo porque gosta dos alunos e do ambiente. Reclama do que pode reclamar mas sem botar a boca no trombone e dizer o que pensa, trabalhamos a velha e boa diplomacia em prol da boa convivência.

Desde que eu me lembro que existo estudo em outra escola, muito renomada e com excelentes professores... Só que eu era muito criança para entender tudo isso e para levar em consideração. Pois bem, reprovei um monte e troquei de instrumento tantas vezes que mal cabem nos dedos. A dois anos e meio cresolvi mudar e encarar que o que eu realmente quero é aprender. Deixei de ser uma aluna que toma a vaga dos outros e passei a merecer a minha própria vaga.

Só que esse ano tudo mudou de figura...

Enchi o saco da péssima administração da escola que trabalhava, tentei conversar, tentei mudar, tentei entender e cansei quando resolveram um problema que não tinha nada a ver comigo colocando a culpa em mim. Depois de tantao trabalho? Não dá! Em outras épocas ficaria triste e poderia até chorar, mas dessa vez resolvi sair fora e levei comigo quem quis vir! Fiz da meneira que achei certo e por isso recebi ameaças de empatar minha entrada em outras escolas, além de ter sido enviado um email a todos os meus colegas de trabalho sobre "a minha forma de trabalhar". De novo: em outros tempos eu teria ficado triste e teria até chorado. Dessa vez mandei um email pra todo mundo contando os motivos que me fizeram sair, coisas que só quem lutou e acreditou na escola saberia.

Na outra escola tem uma professora que me inferniza. Porque ela jura que está no ídolos e que pode acabar com a auto estima dos alunos. Bom, eu fui no ídolos e nem lá eles me trataram da maneira como ela me tratou. Fiquei meses sem conseguir cantar, e até hoje sofro consequências da insegurança que se originaram por causa dela. Em outras épocas eu chorei. Muito. Esse ano resolvi encarar. Bom, de novo a corda arrebentou do lado mais fraco e acabei de descobrir que perdi a vaga da escola. Mesmo com mil atestados e comprovantes de viagem o diretor achou que eu não deveria trancar e como não consegui marcar aula no início do semestre, a vaga rodou.

Cheguei em casa triste, pensando em como algumas pessoas ficam felizes em infernizar a vida dos outros ou em como simplesmente falta compreensão, vontade de ver o lado do outro. E eu não dou conta de diplomacia... meias verdades, o sorriso falso e a convivência empurrada com a barriga. Acredito que quem pergunta quer saber e que as pessoas tem o direito de falar a verdade mas que tem que aguentar ouvir a verdade também! Sem por isso usarem de influência pra encher de pedras o caminho de alguém...

Vim no carro pensando que talvez devesse mesmo falar só o que deve ser dito para não me ferrar. Mas depois penso que existem outras escolas no mundo para se trabalhar e estudar e talvez eu já tenha excedido a quota nessas duas... Ou ainda, na lei de Moisés posso processar uma por difamação e fazer prova pra voltar pra outra, me formo, saio cantando em tudo que é canto e ainda faço uma dedicação sínica sobre como ela me ajudou a perceber que eu não preciso do aval dela pra fazer sucesso!

Mas e no final? Diplomacia resolve alguma coisa pro lado de cá da corda, ou só faz a gente acreditar nisso?

Morena - set/10