quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mundos

Sofia abriu os olhos e pensou em Raphael.
Tivera um sonho bom, mas não se lembrava exatamente o quê.
Raphael abriu os olhos e pensou em Sofia.
Tivera um pesadelo, mas não se lembrava exatamente o quê.

Sofia era doce, não tinha paciência pra sofrer.
Achava a vida bela, tinha muitos amigos e era simples.
Raphael era bonito, não tinha paciência pra fofoca.
Achava Sofia bela, tinha um coração gigante e era intenso.

Sofia dizia que não podia.
Raphael entendia que não queria.
Sofia explicava. Raphael ouvia.
Sofia chegava. Raphael saía.

Ela não sabia que ele não entendia.
Ele não entendia que ela não sabia.


Sofia dizia que era certo.
Raphael entendia que era perto.
Sofia gostava. Muito.
Raphael amava. Mais ainda.

Um dia, Raphael disse pra sempre.
Sofia só entendeu te amo.
Raphael pediu um filho.
Sofia só entendeu um beijo.
Raphael pensou em casar.
Sofia pensou em ficar.
Raphael sofreu, chorou e amou Sofia.
Sofia sorriu, chamou e alegrou Raphael.

Ele não sabia que ela não entendia.
Ela não entendia que ele não sabia.

E os dois viviam assim.
Raphael e Sofia,
Sofia e Raphael.
Sem nunca entender
Um ao outro ou a si mesmos.

Um dia, Sofia disse a verdade.
Raphael entendeu a metade.
Sofia pediu um tempo.
Raphael entendeu muito tempo.
Sofia pensou em voltar.
Raphael pensou em sumir.
Sofia parou, lembrou e esperou Raphael.
Raphael respirou, lamentou e esqueceu Sofia.

Sofia chorou. Raphael sorriu.
Sofia entendeu nada.
Raphael nada entendeu.

"Porque vemos o mundo e o outro,
Não como eles são,
Mas como nós somos".


Morena- set/08

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