Boa tarde gente! Nesse domingo de Páscoa, resolvi dividir um pouquinho de mim com vocês...
Sozinha em casa enquanto todo mundo foi a igreja, ouço um discurso de páscoa que fala sobre o amor puro. O discursante termina dizendo que podemos cantar, falar, recitar, escrever e discursar sobre o amor, mas enquanto ele não se transformar em ação, de nada vale.
Lembrei então de uma história que ouvi da boca de um filho que, segundo ele, tinha uma mãe com um problema sério de coluna. Ela costumava se trancar no quarto para que ninguém percebesse que chorava enquanto passava a roupa. O problema era que a humilde casa sem forro, espalhava sua dor por todos os cômodos...
Um dia o pai levou a mãe até uma loja de eletrodomésticos e pediu para ver a melhor máquina de passar que eles tinham. Era uma daquelas industriais que a gente só veste a roupa na tábua, abaixa a tampa e em segundos a roupa está passadinha.
Sem se alongar, o pai fechou negócio e agendou a entrega. A mãe, um tanto brava e perplexa ao mesmo tempo, só esperou sair da loja para lembrar o marido da situação financeira da família. Ele a ouviu com paciência até que pudesse terminar: “como é que vamos pagar por isso?” Ele a olhou com carinho e respondeu “eu já paguei... Fiquei um ano sem almoçar...”
Já fazem pelo menos 3 anos que ouvi essa história e desde então penso que se um dia eu me casar, quero uma pessoa assim, da mesma forma que decidi ser uma pessoa assim.
O discursante de hoje falava sobre o amor de Jesus por todas as pessoas. O que me fez pensar na prostituta, na mulher com o fluxo de sangue, em Pedro e em cada leproso e cego que ele curou. O mundo fala tanto do Natal, do verdadeiro espírito, faz filmes e conta histórias de gratidão e perdão... mas parece que poucos percebem, ou se lembram, que sem a Páscoa, não haveria Natal. Jesus seria somente mais uma pessoa boa...
Não tenho idéia de quantas gotas de sangue Ele suou por mim e por cada uma das besteiras que eu falo, faço e penso. Não posso medir cada uma das vezes que me senti confortada das minhas mágoas e angústias e não tenho ideia de como Ele consegue me amar tanto que foi capaz de morrer por mim. Daí penso em como o ser humano, eu inclusa, é rápido em se revoltar com as crises, em se enrolar como um tatu bola e só conseguir ver o próprio umbigo ampliado diante dos olhos... Quantas vezes lembramos de agradecer? E somos como aqueles 9 leprosos que foram embora curados sem nem olhar para trás...
Nessa sexta-feira santa no festival de palhaço, sem nem por um instante pensar no porque de ser feriado, lá pelas tantas, quando já devia ser sábado de aleluia, estava no meio do maracatu quando uma coisa linda aconteceu... Não sei explicar como, ou porque, as pessoas foram dando as mãos e formando uma roda. Ninguém fala nada e, como se não fosse nada, de repente eu mesma seguro a mão de duas pessoas que nunca vi na vida. É linda a energia daquele momento. Os vários círculos de pessoas que se formam um dentro do outro e as pessoas de mãos dadas girando, dançando, cantando e sorrindo como se fossemos todos velhos amigos... É como se meu coração se enchesse de um amor muito denso por aquelas pessoas que brincavam de roda ali comigo... e, de repente, sem nem ralentar a batida, o vocalista começa a fazer uma oração. Agradece a Deus pela vida, pela música, pela nossa capacidade de estar ali e poder dançar... Agradece pela natureza, pela chuva que cai forte lá fora, pela família, pelos amigos e pela energia que aquelas mais de 200 pessoas formam como se fossem uma só.
Meus olhos se encheram de água... Certo que eu, que sempre digo ser religiosa, não pensei naquilo e certamente não iria pensar. Eu, que enlouqueço com uma fama de certinha que faz as pessoas esquecerem que sou humana também, não me lembrei de agradecer por aquele momento lindo e pela alegria pulsante que estava sentindo no meu coração morto. Mesmo assim fui grata por alguém ter se lembrado e externado me tornando parte daquela oração também.
Foi tão gostoso que mudou o clima de tudo até o final! Foi como se as pessoas conversassem como conhecidas de infância e de repente isso passou a ser verdade.
Acho que no final essas palavras têm a intenção de ser uma reflexão e um convite, talvez mais para mim mesma:
De perdoar, por mais difícil seja, como Jesus perdoou aqueles que o pregaram na cruz...
De agradecer, como Jesus agradeceu quando proferiu aquela oração linda que os chamamos de “Pai Nosso”.
Que possamos todos dar as mãos, católicos, protestantes, muçulmanos, ateus, americanos, japoneses, africanos e humanos. Que sejamos capazes de celebrar a Páscoa, que começou bem antes de Cristo, com a libertação dos escravos hebreus do Egito antigo. Que comemoremos, se não a crença no Deus vivo, um dia de libertação da inveja, do orgulho, do egoísmo e de tudo que é ruim e que nos afasta...
Que possamos ter coragem de agir! Como Jesus largou o que estava fazendo para ir à casa da menina revivê-la... de ser o primeiro (essa é pra mim) a levantar e ir embora de uma peça que a mulher fica passeando sem camisa... nada a ver... Na hora fiquei pensando no quanto as outras esquetes foram boas, fiquei esperando acabar para poder ver a próxima e inventando um monte de desculpas que me dessem um motivo razoável para não acompanhar as pessoas que saíam do teatro... Mas mesmo que eu conseguisse aceitar o tal “nu artístico” ainda tem o fato de que os homens não estavam expostos. Só aí reparei na imensa contribuição que dei para que cenas assim nunca acabem. Se só as pessoas que verbalizam alguma contrariedade a esse tipo de exposição em eventos públicos, ou simplesmente ao ícone da mulher objeto; se simplesmente essas pessoas sempre se levantassem e fossem embora, estou certa de que quem quisesse ver esse tipo de cena teria de procurar por elas...
Que possamos ser autênticos na nossa fala e atos, sem desculpas e, mais importante de tudo, que sejamos capazes de respeitar e amar, como Jesus amou e ama cada um de nós...
Feliz Páscoa!
bjinhos!!!
Nai
abr/10
sábado, 7 de maio de 2011
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